1 – Muitos ensinam que só as Escrituras, ditas Antigo e Novo Testamento, contém as verdades da fe reveladas por Cristo, pois só o que está escrito seria válido.1
2 – Defendem que só as letras bastariam para nos dar a conhecer de maneira infalível todas as realidades da salvação, pois “[…] toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça2.”
3 – Dizem que jamais poderemos atestar a autenticidade das informações que não estejam escritas, e, por isso, só a letra chancela a autoridade Divina.
4 – E, por fim, que não é dado “ir além” das Escrituras, como teria dito o Apóstolo.3.
MAS EM CONTRÁRIO:
JESUS, QUE NADA ESCREVEU, TUDO ENSINOU, E DE DIVERSAS MANEIRAS ENSINOU, E INSTITUIU A SUA AUTORIDADE E OS MANDAMENTOS POR SEUS PRÓPRIOS LÁBIOS, ANTES QUE A SEU RESPEITO UMA ÚNICA LETRA SE REGISTRASSE: “QUEM OUVE A MINHA PALAVRA, E CRÊ NAQUELE QUE ME ENVIOU TEM A VIDA ETERNA E NÃO INCORRE EM CONDENAÇÃO, ” (São João 5. 24)
SOLUÇÃO:
As ações e palavras da boca do Cristo eram eficazes por si só para produzir vida eterna aqueles que cressem em seus atos e nas suas promessas:
“(…) VEJO QUE ÉS HOMEM DE DEUS, E QUE A PALAVRA DE DEUS ESTÁ VERDADEIRAMENTE EM TEUS LÁBIOS.” (I Reis 17, 25)
“DIANTE DAS MULTIDÕES, JESUS SUBIU A MONTANHA. SENTOU-SE, E OS SEUS DISCÍPULOS COM ELE. ENTÃO, ABRIU A BOCA E LHES ENSINAVA. (São Mateus 5, 1 e 2)
O cristianismo não começou com com as Escrituras.
Sua origem está na Pessoa Divina do Cristo, que reuniu os doze Apóstolos, EDIFICOU SUA IGREJA e os comunicou sua revelação, concedendo autoridade e sacerdócio a esta Igreja para testemunha-lo em Jerusalém, e depois em Roma, e de lá levar a fé genuína a todos os cantos da terra.4
As Escrituras dão testemunho de algo maior que elas próprias, que consiste na sabedoria e autoridade de Deus personificadas naquele não é a letra, mas Verbo.
E o Verbo é a própria Divindade tornada homem, que nasceu, viveu, andou, morreu e ressuscitou entre nós, a base, centro e cedro de todo poder, no que se responde as questões.
1- Afirmar que só a palavra escrita poderia validar o testemunho Divino é dizer que Deus estava condicionado a tinta e papel para poder agir e se revelar aos seres humanos, e que o exercício de sua autoridade e descoberta das verdades da fé estariam condicionadas à letra.
PORVENTURA, AS AÇÕES, MANDAMENTOS E OS ENSINOS DE CRISTO, ANTES DE SEREM TESTEMUNHADOS POR ESCRITO, NÃO CONTINHAM AUTORIDADE, EFICÁCIA E NEM AS VERDADES SOBRE AS QUAIS ASSENTA SUA REVELAÇÃO À HUMANIDADE?
Se apenas o memorial ortográfico validasse a autoridade de Deus, então, não poderia ter havido desobediência em Adão e Eva.
A revelação, embora também esteja nas Escrituras, todavia é anterior a estas.
A autoridade daquele que a revelou não dependeu da chancela da letra ou da caligrafia humana:
(…) DA BOCA DO SENHOR PROCEDEM PRUDÊNCIA E CIÊNCIA.” (Provérbios 2.6)
“A VERDADE SAI DA MINHA BOCA,” (Isaías 45, 23)
Podemos notar que na Antiga Aliança, dada a pouca instrução e inexistência de livros impressos, a fonte mais próxima da pregação era a Santa Tradição dos Profetas, a qual continuou pela Santa Tradição Apostólica da Igreja:
“(…) O SENHOR FALOU PELA BOCA DOS SEUS SERVOS, OS PROFETAS. (II Reis 21. 10)
“MOISÉS DISSE AO SENHOR: “EU NÃO TENHO O DOM DA PALAVRA; NUNCA TIVE; TENHO A LÍNGUA PESADA. “O SENHOR DISSE-LHE: “QUEM DEU UMA BOCA AO HOMEM? QUEM O FAZ SURDO OU MUNDO, O FAZ VER OU O FAZ ENXERGAR? NÃO SOU EU, O SENHOR? VAI, POIS, E EU ESTAREI CONTIGO QUANDO FALARES, E TE ENSINAREI O QUE TERÁS DE DIZER. (Êxodo 4. 10, 11 e 12)
Por isso:
“[….] O QUE TEMOS OUVIDO, O QUE TEMOS VISTO […] DAMOS TESTEMUNHOS E VOS ANUNCIAMOS A VIDA ETERNA.” (I João 1, 1-2)
“[…] APESAR DE TER MAIS COISAS QUE VOS ESCREVER, NÃO O QUIS FAZER COM PAPEL E TINTA, MAS ESPERO ESTAR ENTRE VÓS E CONVERSAR DE VIVA VOZ, PARA QUE VOSSA ALEGRIA SEJA PERFEITA.” (II São João 1. 13)
2 – Quando se diz que as Escrituras são suficientes, obviamente não se está excluído a leitura, pois o que adianta a letra sem leitura?
E quando se diz da leitura não está se excluindo a interpretação, pois de que adianta a escrita e a leitura, sem a interpretação correta?
Portanto, a suficiência das Escrituras não significa apenas o que está escrito, mas está escrito, lido e interpretado corretamente.
Ocorre que se a letra é infalível, a leitura e a interpretação também haverão de ser.
Por isso, sobre as Escrituras não cabem quaisquer leituras, nem interpretações, apenas leitura e a interpretação que infalivelmente nos dá a Igreja que Cristo nos deixou, edificada nos Apóstolos e transmitida aos seus sucessores até hoje:
[…] “COLUNA E SUSTENTÁCULO DA VERDADE. (I Timóteo 3, 15)
A Igreja é firmada na fé dos antigos e santos Apóstolos, e por isso é Apostólica.
Ela guarda as chaves espirituais de Pedro, as quais revelam os segredos entre o céu e a terra.
Deu seu testemunho de fé em Jerusalém, depois foi mandada a testemunhar em Roma, e de Roma para todos os cantos da terra, e por isso, é Católica e Romana.
3 – A autoridade invisível das Escrituras provém de Deus.
Todavia, Deus dá testemunho visível dessa autoridade por meio da Igreja, através da sua Tradição e do seu Magistério instrumentalizados nos Concílios que selecionaram os Livros Sagrados, e rejeitaram apócrifos, gnósticos e heréticos.
E que proclamou os Livros selecionados como infalíveis em matéria de fé, justamente por estarem de acordo com a Tradição e o Magistério, pois como ensinava Santo Agostinho:
“EU NÃO ACREDITARIA NO EVANGELHO, SE A ISSO NÃO ME LEVASSE A AUTORIDADE DA IGREJA CATÓLICA. (CIC, 119)”
A Igreja não apenas conservou os Escritos Sagrados, mas também a sua correta leitura e sua infalível interpretação.
Muitos livros se auto intitulam palavra de Deus.
Todavia, o que os diferencia das Escrituras é que aqueles não são confirmados pela autoridade da Igreja.
A mesma autoridade que guardou e selecionou, também proclamou sagrado o conjunto de Livros nos quais está contida materialmente parte da verdade revelada.
Se não existem os originais, nem é possível identificar a assinatura de próprio punho dos autores nos Livros, é a autoridade e testemunho da Igreja que os autentica:
“QUEM VOS OUVE, A MIM OUVE; E QUEM VOS REJEITA, A MIM REJEITA. E QUEM ME REJEITA, TAMBÉM REJEITA AQUELE QUE ME ENVIOU.” (São Lucas 10. 16)
4 – Paulo jamais disse que não se poderia ir além da palavra escrita em matéria de fé, pois se assim fosse, estaria sendo contraditório:
“[…] FICAI FIRMES E CONSERVAIS OS ENSINOS QUE DE NÓS APRENDESTES APRENDESTES, SEJA POR PALAVRA, SEJA POR CARTA NOSSA.” (II Tessalonicenses 2. 15)
Ora, os que foram incumbidos de autoridade para escrever, também o foram para ensinar de modo verbal e público.
“OS APÓSTOLOS VOLTRARAM PARA JUNTO DE JESUS, E CONTARAM-LHE TUDO O QUE HAVIAM FEITO E ENSINADO. (São Marcos 6. 30)
Antes da primeira palavra do Novo Testamento ser redigida, por volta dos anos cinquenta depois de Cristo, ele já tinha enviado os Apóstolo para batizar:
“IDE, POIS, E ENSINAI A TODAS AS NAÇÕES; BATIZAI-AS EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO..” (São Mateus, 28. 19)
O texto de Paulo que indica para não irmos “além do que ele escrevera” é um conselho pastoral restrito à sua relação de amizade com Apolo.
Era uma situação de cunho absolutamente privado, e não eclesiástico:
“ROGO-VOS, IRMÃOS, EM NOME DO NOSSO SENHOR JESUS, QUE TODOS ESTEJAIS EM PLENO ACORDO E QUE NÃO HAJA ENTRE VÓS DIVISÕES. VIVEI EM BOA HARMONIA, NO MESMO ESPÍRITO E NO MESMO SENTIMENTO.” (I Coríntios 1. 10) “REFIRO-ME AO FATO DE ENTRE VÓS SE USAR ESTA LINGUAGEM: – “EU SOU DISCÍPULO DE PAULO; EU, DE APOLO; EU DE CEFAS; EU DE CRISTO.” (I Coríntios 1.12) “POIS QUEM CONHECE AS COISAS QUE HÁ NO HOMEM, SENÃO O ESPÍRITO DO HOMEM QUE NELE HABITA? (I Coríntios 2. 11) “SE APLIQUEI TUDO ISSO A MIM E A APOLO FOI POR VOSSA CAUSA, PARA QUE APRENDAIS A NÃO ULTRAPASSAR AO QUE ESTÁ ESCRITO E PARA QUE NÓS NÃO ENSOBERBAIS, TOMANDO PARTIDO A FAVOR DE UM E COM PREJUÍZO A OUTREM.” (I Coríntios 4.6)
Assim se denota, que as Escrituras vieram da pregação apostólica, e não a pregação apostólica das Escrituras.
1 A “sola scriptura” teoria de que só as Escrituras testemunham a revelação e a autoridade de Deus, defendida por Lutero nos idos de 1.530, leciona equivocadamente que o Magistério e a Tradição recebidas dos Apóstolos, embora possam ser utilizadas para formar a interpretação e compreensão dos textos bíblicos, estão em nível inferior a fonte escrita. Com as subdivisões no protestantismo, surgiram grupos que radicalizaram o desprezo a Tradição e ao Magistério, defendendo que não precisariam de nenhuma fonte externa para interpretar e compreender as Escrituras, senão, da própria interpretação particular, firmando a “nuda escriptura”, que é essa mesma teoria levada ao extremo.
2 II Timóteo 3, 16.
3 I Coríntios 4. 6.
4 “sola scriptura” teoria de que só as Escrituras testemunham a revelação e a autoridade de Deus, defendida por Lutero nos idos de 1.530, leciona equivocadamente que o Magistério e a Tradição recebidas dos Apóstolos, embora possam ser utilizadas para formar a interpretação e compreensão dos textos bíblicos, estão em nível inferior a fonte escrita. Com as subdivisões no protestantismo, surgiram grupos que radicalizaram o desprezo a Tradição e ao Magistério, defendendo que não precisariam de nenhuma fonte externa para interpretar e compreender as Escrituras, senão, da própria interpretação particular, firmando a “nuda escriptura”, que é essa mesma teoria levada ao extremo.