1 — Parece que a filantropia não é diferente da caridade, pois acolher o faminto, agasalhar quem sofre ao frio e amparar desabrigados, dentre outros, são atos tanto da filantropia, quanto da caridade.
2 — No mais, filantropia é bondade, e portanto, um bem, tal qual é a caridade.
3 — Além disso, o desejo de ajudar nosso semelhante é algo natural, assim como a caridade.(1)
4 — Soma-se, que tanto a filantropia, quanto a caridade, reparam a injustiça individual e social, pois acolhem os pobres que de alguma forma ficaram privados de um bem melhor.
MAS EM CONTRÁRIO:
AINDA QUE DISTRIBUA TODOS OS MEUS BENS EM SUSTENTO DOS POBRES, SE NÃO TIVESSE AMOR DE NADA VALERIA.’(2)
SOLUÇÃO:
Caridade é tender o ser humano à Deus por meio da bondade Divina percebida por quem partilha e por quem recebe o bem partilhado, sendo, portanto, manifestação concreta e visível da fé.
Não há maior ato de amor que levar um filho ao encontro do Pai, do qual havia se perdido?
Caridade é Deus sendo amado no ser humano.
É o Criador sendo amado em sua criação.
Diferente da pura filantropia, que se limita ama o ser humano por si e em si mesmo, sendo por isso, um amor limitado e incompleto.
Existe nos indivíduos, simultaneamente, aquilo que se pode amar ou rejeitar.
E naturalmente não conseguiremos ama-los e acolhe-los em suas imperfeições.
Todavia, quando se ama Deus no próximo, não olhamos os seus defeitos para decidir se lhe faremos ou não aquilo que necessita de nós.
Por isso, só amando Deus é possível realmente amar ao próximo de modo completo, no que se consegue a partir da consciência de que por mais falho que seja o indivíduo, ele é a imagem de Deus.
Essa consciência, só há naquele que já não vive como Cristo, porque foi dessa maneira que ele nos amou.
Mas de nada vale amar a criatura e desprezar o Criador, pois o amor num todo, é superior ao amor em parte.
Logo, amar o Pai no filho, e o filho no Pai, é superior ao ato de amar apenas o filho ou apenas o Pai, de onde se responde as questões.
1 – Muitas coisas possuem idêntica forma, mas se diferenciam no conteúdo.
O benfazente e o caridoso podem fazer as mesmas coisas, formalmente, como acolher os famintos, agasalhar quem padece ao frio ou amparar desabrigados.
Mas só o caridoso pode mostrar a imagem de Deus nessas coisas.(3)
2 – Os bens eternos são mais valiosos que os temporários.
A vida eterna é mais valiosa que a vida natural, e por isso os mártires deram-se a morte para não negar a fé.
A filantropia é um bem temporária,(4) porque se esgota quando acaba a comida; a roupa; o cuidado ou a esmola, ao passo que a caridade permanece, pois o amor dado e recebido nos transforma, e a partir dele, compreendemos que a felicidade está na partilha, não no ganho.
3 – Devemos buscar os bens maiores através dos bens menores.
Assim, podemos através da filantropia alcançar a caridade.
Ora, o amor ao ser humano por si só pode ser reordenado ao amor para que por meio dele se alcance e se ame também a Deus, no que então, o amor ao nosso semelhante transcenderá o limite do afeto natural.(5)
4 – A filantropia está limitada aos pobres, mas a caridade é proveitosa tanto ao rico, quanto ao pobre, pois a solidariedade cristã partilha os bens espirituais mais que dos bens materiais.
Somos todos iguais em nossas necessidades do corpo e da alma; e na caridade, se esconde um ato espiritual sob um ato material.(6)
[1] São Marcos 12. 30-31
[2] “ I Cor. 13. 3 “”Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, Sem amor em nada seria”. O texto no grego: “kauqhswmai AGAPHN de mh ecw ouden wfeloumai” E em latim: “et si distribuero in cibos pauperum CARITATEM autem non habuero nihil mihi prodest”
[3] “Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. (II Timóteo 1, 13)”
[4] Tudo na terra findará, só Deus é eterno. (Mt 5.8)
[5] “[…] e em nome da caridade que é dada pelo Espírito, combatei comigo, dirigindo vossas orações a Deus por mim, (Romanos 15, 30)”
[6] http://catecismo.catequista.net/conteudo/a-z/s/solidariedade.html#SOLIDARIEDADE