1 – Parece que não convinha Cristo tornar sagrada a imagem da cruz na qual seu Corpo padeceu, porque na cruz os malfeitores e criminosos eram executados com a pena capital, não podendo a imagem do profano estar associada a imagem do sagrado, pois como dito: “Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro. ” (Gálatas 3. 13)
2 – Soma que a cruz não é fundamental para o cristianismo, mas a fé na ressurreição daquele que nela fora crucificado.
3 – Por fim, sabemos que Cristo ressuscitou, e o ressuscitado se opõe ao crucificado, tanto quanto o que está vivo se opõe ao que está morto.
MAS EM CONTRÁRIO:
ELE NOS SALVOU MEDIANTE O BATISMO DE REGENERAÇÃO E RENOVAÇÃO PELO ESPÍRITO SANTO. (Tito 3, 5)”
SOLUÇÃO:
Não basta admirar Cristo, é preciso segui-lo.
Para segui-lo é preciso entendê-lo, e para entendê-lo é necessário olhar para o retrato do crucificado, o Deus que lá está, humilhado por amor a toda humanidade, e dizer:
– Senhor, quanto me amas!
Como sou precioso aos vossos olhos!
A cruz sagrada é o memorial do amor que se doa aqueles que nada tem, e nada podem, pois não há verdadeiro cristianismo sem amor, e o amor que não suporta ser testado e provado na cruz não pode ser autêntico.
A grandeza da morte está na grandeza do amor pelo qual se vive e morre.
Por isso, a cruz é o ícone mais belo, a imagem mais cara da nossa salvação.
Deus foi morto amando seus assassinos.
Olhando Cristo morto na cruz é que um pagão, o soldado romano, armado e brutalizado pela violência da sua função, encontrou-se com o Amor e se converteu1 no que se responde as questões:
1 – Na cruz toda maldição que recaia contra a humanidade transformou-se em bendição.
Nela, a morte tornou-se vida; a humilhação glória; a dor verteu-se em amor e o sangue do Cordeiro transformou-se em sacrifício de misericórdia, pois ele…
TOMOU POR HERANÇA OS PRINCIPADOS E PODERES E OS EXPÔES AO RIDÍCULO, TRIUNFANDO DELES PELA CRUZ.” (Colossenses 2, 15)
Na cruz Cristo tornou possível nossa salvação, e respeitar a imagem da cruz é respeitar e honrar a memória daquele que nela se deu em sacrifício.
Fosse a cruz ainda maldita, Jesus não nos mandaria tomá-la para só depois lhe seguir:
“SE ALGUÉM QUISER VIR COMIGO, RENUNCIE-SE A SI MESMO, TOME SUA CRUZ E SIGA-ME.” (São Marcos 16, 24)
Cristo se fez maldito por nós, na cruz, para que por seu sacrifício pudéssemos, na cruz, sermos abençoados:
“CRISTO REMIU-NOS DA MALDIÇÃO DA LEI, FAZENDO-SE POR NÓS MALDIÇÃO, POIS ESTÁ ESCRITO: MALDITO TODO AQUELE QYUE É SUSPENSO NO MADEIRO. (Deuteronômio 21,23)
“ASSIM, A BENÇÃO DE ABRAÃO SE ESTENDE AOS GENTIOS, EM CRISTO, E PELA FÉ, RECEBEMOS O ESPÍRITO PROMETIDO.” (Gálatas 3. 14 e 15)
A cruz e Cristo uniram-se definitivamente numa mesma história, numa mesma verdade, num mesmo propósito, e numa mesma imagem, razão porque toda imagem da cruz é santa, é sagrada, pois o Cordeiro de Deus a SANTIFICOU, marcando-a com seu CORPO SANTÍSSIMO como prova visível do seu grande amor pela humanidade.
Em Cristo tudo se fez novo, inclusive a cruz que outrora, objeto de desonra e vergonha, tornou-se o memorial do seu grande amor por todos nós.
2 – A fé cristã nada valeria sem a crucificação.
Sem sacrifício de morte na cruz não haveria propósito no nascimento de Cristo, e não haveria ressurreição.
Cristo não partiria sem antes morrer por todos nós, pois só o seu sacrifício nos leva a esperança da salvação.
Depois da crucificação já não há cruz sem Cristo, nem Cristo sem cruz porque o corpo do crucificado está eternamente representado no objeto do seu flagelo:
“A LINGUAGEM DA CRUZ É LOUCURA PARA OS QUE SE PERDEM; MAS PARA OS QUE FORAM SALVOS, PARA NÓS, É UMA FORÇA DIVINA.” (I Coríntios 1, 18)
Por causa disso:
“(…) NÓS PREGAMOS CRISTO CRUCIFICADO, PARA ESCÂNDALO DOS JUDEUS E LOUCURA PARA OS PAGÃOS; (I Coríntios 1, 23)”
3 – Pelo Cristo padecente no madeiro, Deus se reconciliou com o mundo e nos reuniu “[…] num só corpo PELA VIRTUDE DA CRUZ (Efésios 2, 16), porque “(…) ele carregou nossos pecados EM SEU CORPO SOBRE O MADEIRO PARA QUE MORTOS PELOS NOSSOS PECADOS, VIVAMOS PARA A JUSTIÇA. POR SUAS CHAGAS FOMOS CURADOS. (Is 53, 5)” (I São Pedro 2, 24)
Ora, se Cristo convinha tomar a cruz, e nela morrer para só depois ressuscitar, a nós não será dado ressuscitar sem que tenhamos morrido crucificados Nele, e com Ele:
“NA REALIDADE, PELA FÉ, EU MORRI PARA A LEI, A FIM DE VIVER PARA DEUS. ESTOU PREGADO A CRUZ DE CRISTO. JÁ ESTOU CRUCIFICADO COM CRISTO; E VIVO, NÃO MAIS EU, MAS CRISTO VIVE EM MIM.” (Gálatas 2. 19)”
Assim, morte e ressurreição não se opõem, e por isso, nesses dois mil anos, a Igreja sempre rezou:
“Ó boa cruz, que do Corpo de Jesus recebeste a formosura, tanto tempo desejada, tão ardentemente amada, sem descanso procurada! Para a minha alma ansiosa estás por fim preparada! Retira-me dentre os homens e devolve minha vida ao Mestre a quem pertenço! Por ti me receba, naquele que em ti me resgatou.”
A imagem da cruz sempre altiva entre o povo verdadeiramente escolhido, tendo Deus, no deserto, lhes ordenado para que insculpissem a imagem de uma serpente em bronze pendurada num madeiro (que era representação da cruz e da morte de Cristo, matando o pecado representado na serpente), para que todos os que fossem picados por cobras venenosas, fossem curados ao tocar-lhe:
“[…] e o Senhor disse a Moisés:
“FAZE PARA TI UMA SERPENDE ARDENTE, E A COLOCA SOBRE UM POSTE. TODO AQUELE QUE FOR MORDIDO, OLHANDO PARA ELA, SERÁ SALVO.””. (Números 21, 8)
COMO MOISÉS LEVANTOU A SERPENTE NO DESERTO, ASSIM COMO DEVE SER LEVANTADO O FILHO DO HOMEM. (São João 3, 14)
1 “O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (Mt 27, 54)