O PRIMADO DE SÃO PEDRO NA ENTREGA DAS CHAVES.


Muitas vezes, Deus se fez o nosso professor por símbolos que cunhou para nos revelar e comunicar todo seu propósito de salvação. Num desses símbolos, Cristo se compara a uma PORTA:

EU SOU A PORTA. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem. (São João 10, 9)”

ESTA É A PORTA DO SENHOR: só os justos por ela podem passar. (Salmos 117, 20)”

“ESTREITA, porém, É A PORTA e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. (São Mateus 7, 14)”

CRISTO é a PORTA e também o PASTOR DAS OVELHAS que adentra pela PORTA aberta por um Porteiro:  

Mas quem entra pela Porta é o Pastor das Ovelhas. A ESTE O PORTEIRO ABRE, (São João 10. 2 e 3)”

Toda porta, como acesso que interliga uma dimensão à outra, só abre ou fecha pelo comando das CHAVES. Sendo Cristo a Porta, e tendo Chave toda Porta que guarda precioso tesouro, conclui-se ser Ele também detentor das CHAVES. Mas essas Chaves Ele não levou para o seu Reino após a ressurreição, por ser o símbolo do Poder dado à Igreja que Ele edificou na terra. Não nos tivesse deixado Chaves, em vão seria seu sacrifício, posto que a Porta entre Deus e o ser humano ainda restaria lacrada. Por isso, o Iluminado Magistério Eclesiástico aponta as Chaves como o próprio PODER TEMPORAL e TERRESTRE da IGREJA, que  LIGA ou DESLIGA entre o céu e a terra, e que pelos sacramentos ligará da raça humana  Deus.

Mas sendo representação do Poder dado à  Verdadeira Igreja,1 que tem em Cristo a pedra básica, a fundação edificada sobre o fundamento dos apóstolos (Ef 2. 20, 21 e Mt 16, 17, 18 e 19),2 por que ELE, embora outorgasse o Poder de LIGAR ou DESLIGAR a todos os apóstolos (Mt 18.18), conferiu as CHAVES que operam essa ligação apenas a SÃO PEDRO?

Ora, o ato de Cristo outorgar a todos os apóstolos o Poder de ligar ou desligar entre o céu e a terra, deixa expresso que esse dom só se realizaria através de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, o Primaz, o piso, fundamento secundário sobre o qual o próprio Cristo lançou sua pedra de fundação, e edificou como sábio arquiteto a sua Igreja.

Mediante as CHAVES se liga ou desliga, se abre ou fecha.

O ligar ou desligar só se exerce por aquele que detém a POSSE DAS CHAVES. Nenhuma valia teria aos demais apóstolos o dom de ligar ou desligar, sem as Chaves que Cristo compartilhou apenas com São Pedro, o primaz da Igreja, o qual posteriormente compartilhou com os seus sucessores, os Papas, Bispos de Roma.

Aos Apóstolos fora dito de maneira geral e impessoal:

“Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.” (São Mateus 18, 18)

Porém, em relação a São Pedro fora dito de modo DIRETO, INDIVIDUAL e ESPECÍFICO:

“TU ÉS PEDRO, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. EU TE DAREI AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS: TUDO O QUE LIGARES NA TERRA SERÁ LIGADO NOS CÉUS, E TUDO O QUE DESLIGARES NA TERRA SERÁ DESLIGADO NOS CÉUS.” (São Mateus 16. 18 e 19)

Chave simboliza a autoridade da Igreja como o Reino de Deus presente entre nós pela Autoridade das Chaves, como profetizado em Isaías.3

Explica Santo Tomás:

“Na ordem material, chamamos CHAVE ao instrumento com que ABRIMOS uma PORTA. Ora, o Reino dos Céus nos foi fechado pelo pecado, tanto quanto à culpa, como quanto a pena. Por isso, o PODER que remove esse obstáculo se chama Poder das Chaves. Esse, se tem pela Autoridade de CRISTO, e a Divina Trindade. Cristo, em sua NATUREZA HUMANA, teve o Poder de remover o obstáculo pelo mérito da paixão, poder também chamado o de abrir a porta. E como dos lados de Cristo, morto na cruz, manaram os sacramentos (sinais), pelos quais foi a Igreja instituída, por isso, nos sacramentos da Igreja, permanece a eficácia da paixão. POR ONDE, FOI CONFERIDO TAMBÉM AOS MINISTROS DA IGREJA INSTITUÍDA, NOS SACRAMENTOS, O PODER DE REMOVER O REFERIDO OBSTÁCULO, NÃO POR VIRTUDE PRÓPRIA, MAS POR VIRTUDE DIVINA E DA PAIXÃO DE CRISTO. E ESSE PODER SE CHAMA METAFORICAMENTE PODER DAS CHAVES DA IGREJA, QUE É O DO MINISTÉRIO DAS CHAVES. (Q 17, Livro Suplementar, art. 1° Suma Teológica)”

Existe no Poder das Chaves algo que é de CRISTO, e só por Ele se exerce que é a faculdade de ligar a raça humana novamente à Deus, por sua imolação que nos removeu a CULPA de todo pecado. Excluída a CULPA, permitiu-se também a remoção das PENAS decorrentes da culpabilidade. Logo, é certo que o ensino e a aplicação dos instrumentos deixados por Cristo mediante sua Paixão para remoção dos pecados (exemplo dos Sacramentos do Batismo e Penitência), incumbe à Igreja por intermédio das Chaves:

” […] se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se RECUSAR OUVIR TAMBÉM A IGREJA, seja ele para ti como um pagão e um publicano. Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu. (São Mateus 18. 17 e 18)”

E ainda:

“Àqueles A QUEM PERDOARDES OS PECADOS, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, SER-LHES-ÃO RETIDOS. (São João 20, 23)”

Ensina Santo Tomás de Aquino:

“A porta do céu está, em si mesma, sempre aberta; mas dizemos estar fechada a quem está impedido de nele entrar. Ora, o impedimento universal da natureza humana, consequente ao pecado do primeiro homem, foi REMOVIDO PELA PAIXÃO DE CRISTO. Por isso João, depois da paixão, viu aberta a porta do céu. Mas ainda até agora essa porta nos permanece fechada, por causa do PECADO ORIGINAL contraído, OU DO ATUAL, que cometemos. Eis porque precisamos dos sacramentos e do poder das chaves da Igreja. (Q 17, Livro Suplementar, art 1º, Suma Teológica)”

Sendo Senhor absoluto do Poder das Chaves, Cristo o compartilhou com seu apóstolo Primaz, e partindo do Primaz4, a todos os apóstolos e seus sucessores futuros, provindos da sucessão da Igreja de Roma: 

“Designavam presbíteros em cada congregação. (Atos 14, 23) “Apareceu-lhe o Senhor e disse: Deste testemunho de mim em Jerusalém, IMPORTA QUE TAMBÉM DÊS TESTEMUNHO EM ROMA.” (Atos 23, 11)

E assim nasceu a Igreja, e que agora não está só em Roma, mas em todo mundo.


 

1 – POR QUE A IGREJA CATÓLICA É A VERDADEIRA IGREJA DE CRISTO? https://igrejamilitante.com.br/index.php/sendo-o-cristianismo-a-verdadeira-religiao-a-fe-catolica-e-sua-unica-manifestacao-possivel/

Edificados sobre o fundamento dos apóstolose dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito. 21. É nele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um templo santo no Senhor. 22. É nele que também vós outros entrais conjuntamente, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus. ” (Efésios 2.20)

2 – O PRIMADO DE SÃO PEDRO PROFETIZADO POR ISAIAS E O SIGNIFICADO DA CRUZ INVERTIDA DE PEDRO. https://igrejamilitante.com.br/index.php/o-primado-de-sao-pedro-profetizado-por-isaias/

3 – Podemos ver a primazia de São Pedro sobre os demais apostolos, por certos fatos, quais sejam: I) Pedro é sempre anunciado em primeiro lugar na lista nominal dos doze apóstolo. Essa colocação, por óbvio, não se criava de maneira aleatória ou por acaso: os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. (São Mateus 10, 2) II) É sempre de Pedro e não dos demais apóstolos, a iniciativa de acompanhar Cristo: “Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti! (São Mateus 14,28)” III) Cristo, andando por sobre as águas, revela sua predileção ao atender o apelo de Pedro, e só a ele convida a andar sobre as águas, no que seria a metáfora da missão sobrenatural da sua missão na Igreja: disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. (São Mateus 14,29)” IV) Quando se viam constrangidos de solicitar de Jesus uma explicação sobre algo na doutrina que não compreendiam, incumbia a Pedro indagar do Mestre exata compreensão do ensino:“Tomando então a palavra, Pedro disse: Explica-nos esta parábola. (São Mateus 15,15)” V) Pedro é sempre o primeiro mencionado, no grupo seleto que Cristo algumas vezes reunia: seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. (São Mateus 17, 1) VI) em situações especiais, era Pedro que tomava para si, a responsabilidade: tomou então a palavra e disse-lhe: Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias. Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. (São Mateus 17, 4)” VII) na ausência de Cristo, era público e notório, até para os fariseus, que o representante dos apóstolos e do Ministério de Cristo era São Pedro: “Logo que chegaram a Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto da didracma aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: Teu mestre não paga a didracma? (São Mateus 17, 23)” VIII) e em ato contínuo, Pedro assume a representação dos apóstolos e do Ministério, seguindo a orientação direta do próprio Mestre:“Paga sim, respondeu Pedro. Mas quando chegaram à casa, Jesus preveniu-o, dizendo: Que te parece, Simão? Os reis da terra, de quem recebem os tributos ou os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros? (São Mateus 17, 24)”IX) Pedro representando novamente os apóstolos, servindo de interlocutor dos mesmo junto a pessoa de Cristo:então, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós? (São Mateus 19, 27)” X) Cristo tinha especial preocupação no crescimento, exortação e disciplina do apóstolo Pedro, para que ele não apostatasse, preocupação esta que só se manifestou em relação a ele“Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens. (São Marcos 8,33)”  E por fim XI) – Jesus lhe disse: APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. (São João 21,17. )A predileção e o trato especial o de Cristo em relação a Pedro, é novamente manifesta, agora no evento da ressurreição: “Ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis como vos disse.” (São Marcos 16, 7)

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