1 – Parece que a saudação do anjo Gabriel à Maria veio revelar somente o nascimento de Cristo.[1]
2 – No mais, a aceno angelical à ela – SALVE, CHEIA DE GRAÇA, foi um cumprimento por mera amabilidade, nada especial e sem ao menos lhe mencionar o nome.
3 – Por fim, a graça de Deus não faz distinção de pessoas, razão pela qual, todos nós a recebemos igualmente, sendo que não só a Virgem, mas outros santos também foram cheios de graça, senão, não seriam santos.
MAS EM CONTRÁRIO:
Após receber a anunciação e as saudações do anjo, Maria proclamou publicamente:
O SENHOR FEZ MARAVILHAS EM MIM.” (São Lucas 1, 39)
SOLUÇÃO:
De todos os que receberam as virtudes Divinas, apenas Maria ousou dizer dela própria, que o Senhor lhe fez maravilhas.
A Virgem, cheia do Espírito Santo, e com a Verdade em seu ventre, personificada no Menino Deus, testemunhou publicamente os tesouros da graça Divina, depositados em seu ser, os quais foram dados exclusivamente a ela, que fora escolhida para ser a Mãe do Salvador.
Ora, vir à ser Mãe de Deus e conceber de modo virginal na comunhão plena com o Espírito Santo, são bens exclusivos de Maria, assim como ser sem mácula desde que sua alma se uniu à sua carne na concepção, no que então, se responde as questões.
1 – A saudação do anjo Gabriel revelou muitas maravilhas, sendo a maior, e mais importante delas, o nascimento do Salvador, Jesus, o Deus feito homem no corpo da Virgem.
Mas uma revelação tão extraordinária tem por efeito outras revelações secundárias, também especiais, em favor daquela que conceberia e geraria em seu ventre, o próprio Deus salvador.
Por isso, se registrou do grego bíblico a palavra kekaritomene “(KEKARITWMENH) para significar a expressão angelical: “CHEIA DE GRAÇA:”
“Entrando, o anjo disse-lhe: AVE, CHEIA DE GRAÇA, o Senhor É contigo”.
kai eiselqwn o aggeloV proV authn eipen caire KECARITWMENH o kurioV meta sou euloghmenh su en gunaixin
Tal vocábulo, significa o estado excepcional e extraordinária de pureza só atribuível a criatura que desde do início de sua existência já se encontrava plenamente preenchido da graça de Deus, e daí para todo sempre, sem vir a perdê-la ou diminuí-la.
É palavra composta num hibridismo que possui três partes distintas que se unem.
Inicia com o prefixo – KE.
No centro encontrado o núcleo verbal, também chamado radical – CHARITÓ.
Por derradeiro, finaliza com o sufixo MENH.
Assim:
KE + CHARITÓ + MENH = KEKARITOMENH.
O radical “CHARITÓS” significa GRAÇA INTENSA E SUPERABUNDANTE.
Esse radical, por exemplo, é usado para se referir a graça daqueles que já estão salvos no céu, e já estão plenamente preenchidos da graça de Deus, razão porque, não há mais espaço para as imperfeições ou erros:
“PARA LOUVOR E GLÓRIA DE SUA GRAÇA, COM A QUAL ELE NOS AGRACIOU NO FILHO AMADO. ” (Efésios 1.6)
No grego:
eiV epainon doxhV thV CARITOV autou en h ECARITWSEN hmaV en tw hgaphmenw (Efésios 1. 6)
Por consequência, quem está nessa graça, está completamente preenchido do favor Divino da santidade, com diz o outro termo contido no versículo, qual seja, agraciado – charitóo/ ecaritwsen. https://biblehub.com/greek/5487.htm
O prefixo “KE” conduz o tempo do verbo para o particípio pretérito – verbetes terminados em ido ou ado – indicando que a ação de agraciar a Virgem já tinha sido completada no passado mais remoto, por óbvio, desde sua origem, na concepção.
Logo, a junção do KE + CHARITÓS, forma a palavra agraciar plenamente ou simplesmente cheia, repleta, transbordante de graça ou favor Divino, desde sua mais remota existência.
Por fim, o sufixo “MENH” indica que essa ação, iniciada no passado é contínua, imutável e incessante no tempo, vez que não se interrompe.
Desta feita, a junção do “MENH” expressa que aquela que fora plena de graça, anteriormente, assim continuará incessantemente, sem ruptura ou interrupção, mas permanentemente.
Em resumo, se o prefixo “KE” retrocede a graça completa desde a origem do agraciado; o sufixo “MENH” proclama e confirma a conservação desse favor Divino superabundante para o futuro inalterável. https://biblehub.com/greek/3306.htm
Essa expressão é tão inédita nas Escrituras que só fora usada uma única vez para qualificar um ser humano, justamente a Virgem.
E tal se deu para dar testemunho, com máxima clareza e precisão, do estado excepcional da graça e santidade da escolhida para conceber e gerar o Salvador, aquele que é em si mesmo, puro e santo eternamente, cumprindo o que fora profetizado:
“AMO-TE COM ETERNO AMOR, E POR ISSO, A TI ESTENDI O MEU FAVOR. EU TE RECONSTRUIREI, E SERÁS RESTAURADA, Ó VIRGEM DE ISRAEL! “(Jeremias 31. 3 e 4)
Nesse contexto, se responde as questões;
2 – Não saudar uma pessoa pelo nome, mas por seu TÍTULO, como Alteza, Excelência, Eminência e outros, é sinal de grande reverência e respeito, como fez o ser angélico, chamado a Virgem, não por seu nome, mas por sua condição, qual seja, “CHEIA DE GRAÇA.”
Maria, em sua simplicidade e humildade, ficou confusa com aquela saudação:
ENTRANDO, O ANJO LHE DISSE: SALVE CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTIGO. PERTUBOU-SE ELA COM ESSAS PALAVRAS E PÔS-SE A PENSAR NO QUE SIGNIGICARIA SEMELHANTE SAUDAÇÃO.” (São Lucas 1, 28)
Obviamente, não era uma saudação comum.
Além disso, outra palavra usada pelo anjo, SALVE – CAIRE, expressa a revência com a qual se cumprimento alguém com dignidade superior, desejando-lhe alegria e longanimidade.
Nunca, nenhum anjo saudou um ser humano desta forma:
“SALVE, CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTIGO” (São Lucas 1. 28)
No grego:
kai eiselqwn o aggeloV proV authn eipen CAIRE kecaritwmenh o kurioV meta sou euloghmenh su en gunaixin
Essa saudação era exclusiva para Reis, Rainhas ou Mestres, e também fora dada a Jesus, na condição de REI E MESTRE DE TODOS OS POVOS:
“APROXIMOU-SE IMEDIATAMENTE DE JESUS E LHE DISSE: “SALVE, MESTRE.” E BEIJOU-O.” (São Mateus 26. 49)
Em grego:
kai euqewV proselqwn tw ihsou eipen CAIRE RABII kai katefilhsen auton
3 – Quem está mais próximo da luz recebe maior iluminação.
Assim, aquele que está mais próximo da santidade, pureza e graça, as recebe em maior intensidade.
Os mais íntimos de Deus são sempre os mais santos.
E nenhuma criatura foi mais próxima de Deus que Maria, pois Cristo, o Verbo Divino, fora concebido e gerado em sua carne, morou em seu ventre, e participou do seu sangue.
Logo, ninguém foi mais santo, puro e mais agraciado que a Virgem, pois a Pessoa do Cristo lhe foi unida e extraordinariamente infusa em seu ser, razão porque, estar próximo de Maria, é estar mais próximo de Cristo, e do contrário, o desprezo a Maria é o desprezo ao próprio Cristo:
De certo que Deus não faz acepção de pessoas, pois ele não nega suas graças a uns; e a concede a outros, mas as dá a todos, indistintamente.
Todavia, essa graça é medida, segundo a disposição que cada um tem por recebê-la, e segundo ainda a missão que Deus lhe reservou.
[1] “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. Entrando, o anjo disse-lhe: “Salve, cheia de graça, o Senhor é contigo”. Perturbou-se ela com essas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-lhe: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,” (São Lucas 1. 26-32)