CRER É MAIS QUE SIMPLESMENTE ACREDITAR EM DEUS.

O ato de crer difere de simplesmente “acreditar em Deus.”

Aquele que tem fé, tem em si a caridade, e o que não tem caridade apenas “acredita” em Deus.  Resistir ou negar-se à prática caridosa consiste num grave pecado contra a fé que se diz professar: “[…] aquele que não cuida dos seus, e principalmente dos da própria casa, NEGOU A FÉ, e é pior do que um INCRÉDULO.” (I Timóteo 5,8) “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, PORQUE AMAMOS OS IRMÃOS. QUEM NÃO AMA PERMANECE NA MORTE.” (I João 3,14)

A caridade é a vida da fé, o movimento que nos torna imitadores de Cristo, renunciando à nós mesmos, à exemplo daqueles que renunciaram aos seus desejos pessoais, bens e prazeres em troca de ofertar aos necessitados aquilo que mais carecem, como fez NOSSO SENHOR, morrendo inocente para que a vida eterna fosse dada aos que pecaram, pois “[…] ninguém tem maior prova de amor que esta, DAR A VIDA PELOS SEUS.” (São João 15.13)

“Portanto, sede, pois, IMITADORES de Deus, como filhos muito amados. (Efésios 5, 1)”

Renúnciar a nós mesmos é um princípio da Santa Igreja desde o primeiro século da Era Apostólica, ainda em Jerusalém: “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração,” (Atos dos Apóstolos 2, 44 à 46)

“Cornélio, a tua oração foi atendida, e Deus se lembrou de tuas esmolas. (Atos dos Apóstolos 10, 31)” 

“A remissão (do seu sacrifício) produz efeito em nós, se nos incorporamos com Ele como membros à Cabeça. Ora, os Membros hão de ser conforme a Cabeça.” (Suma Teológica, art. 3º Q 46, Livro IIIa – Da Paixão de Cristo)

O falso evangelho pregado fora do Magistério da Igreja, que coloca a fé restrita apenas à uma mera CONFIANÇA INTELECTUAL na salvação, é obra do anticristo, porque nos convida à negativa do amor ao próximo e a DESOBEDIÊNCIA do mandamento de amar: “Por que vocês me chamam ‘Senhor! Senhor!’ MAS NÃO FAZEM O QUE EU DIGO? (São Lucas 6.46)”

Negar deliberadamente obediência aos preceitos Divinos do amor virtuoso, torna INÚTIL a fé recebida: “Sendo que somos cooperadores com Ele, nós exortamos também para que vocês não RECEBAM A GRAÇA DE DEUS EM VÃO.” (II Coríntios 6,1-2)

Crê em vão aquele que não frutificar em boas obras porque Deus “RETRIBUIRÁ A CADA UM CONFORME AS SUAS OBRAS: a vida eterna para aqueles que perseverando em fazer o bem têm em vista à glória, à honra e a incorruptibilidade.” (Romanos 2.6-7)

O Livro de Apocalipse confirma: “Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para DAR A CADA UM CONFORME AS SUAS OBRAS.” (Apocalipse 22.12)”

A fé apostólica não é produto da concepção mental estimulada, mas puro dom de Deus (Ef 2.8) que nos liga à Cristo como fruto à árvore, para que a fé, progredindo, alcance todos os setores da vida, voltando nossas ações para Deus como fim último de nossa jornada terrena: “Então, ARREPENDAM-SE e CONVERTAM-SE, para que os pecados de vocês sejam apagados.” (Atos dos Apóstolos 3,19) ‘Nunca vos conheci. Afastem-se de mim, vocês que PRATICAM a iniquidade.’ (São Mateus 7,21-23) “Pois aquele que SABE FAZER O BEM E NÃO O FAZ, comete PECADO.” (São Tiago 4, 17)

A prática não pode agir contra a fé, senão pervertida, oca e vazia será essa fé:  RENUNCIE À INIQUIDADE todo aquele que PRONUNCIA o Nome do Senhor.” (Is 26,13). (II Timóteo 2, 19) “Toda árvore que NÃO PRODUZ BOM FRUTO É CORTADA E LANÇADA NO FOGO. Portanto, pelos seus frutos vocês os reconhecerão.” (São Mateus 7.19-20)

Acreditar em Deus sem aderir à sua vontade e aos seus preceitos não levará à salvação, porque a fé apostólica é essencialmente PRÁTICA: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos Céus, mas aquele que PRATICA A VONTADE DE MEU PAI que está nos céus. Muitos naquele dia me dirão: ‘Senhor, Senhor, mas não foi em teu nome que profetizamos? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres?’ Então, eu lhes direi explicitamente: ‘Nunca vos conheci. Afastem-se de mim, vocês que praticam a iniquidade.’ (São Mateus 7.21-23) “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. (São João 15, 12)” “Aquele que diz conhecê-lo E NÃO GUARDA OS SEUS MANDAMENTOS é mentiroso e a verdade não está nele. (I São João 2, 4)”

O amor à Deus só pode ser expressado na obediência que conduz à caridade: POR CAUSA DO MANDAMENTO, SOCORRE O POBRE; e não o deixes ir com as mãos vazias na sua indigência. (Eclesiástico 29, 12)4

Crer nos capacita viver aquilo que se prega, na confissão livre daquilo que se acredita: “Deus não é injusto e NÃO ESQUECERÁ VOSSAS OBRAS E A CARIDADE QUE MOSTRASTES POR AMOR DE SEU NOME, vós que servistes e continuais a servir os santos.” (Hebreus 6, 10) “Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, DANDO-LHES O ESPÍRITO SANTO, da mesma forma que a nós.” (Atos dos Apóstolos 15, 8)

Uma fé que se limita ao campo da religiosidade vazia, sem almejar transcender à prática do Bem, é inútil: “Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril?” (São Tiago 2, 20)

Toda crença deverá ser tomada por anticristã se privar a vontade e a conduta do indivíduo da bondade e do caminho à beatitude. Privada da vontade quanto à prática do Bem, toda fé necessitará se aperfeiçoar para  servir à comunhão com Cristo. Quem diz crer, mas sua fé egocêntrica mostra-se suficiente apenas para amar ao próximo com doces palavras não conheceu a Deus: “Vinde, benditos de meu Pai, TOMAI POSSE DO REINO que vos está preparado desde a criação do mundo, PORQUE tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim; Perguntar-lhe: – SENHOR, QUANDO FOI QUE TE VIMOS COM FOME E TE DEMOS DE COMER, COM SEDE E TE DEMOS DE BEBER? QUANDO FOI QUE TE VIMOS PEREGRINO E TE ACOLHEMOS, NU E TE VESTIMOS? QUANDO FOI QUE TE VIMOS ENFERMO OU NA PRISÃO E TE FOMOS VISITAR? RESPONDERÁ O REI: – EM VERDADE EU VOS DECLARO: TODAS AS VEZES QUE FIZESTES ISTO A UM DESTES MEUS IRMÃOS MAIS PEQUENINOS, FOI A MIM MESMO QUE O FIZESTES. (São Mateus 25, 34 a 40)”

A heresia do fideísmo (ir à Deus somente pela fé), defende a fé apenas como ato de se “acreditar” em Deus “intelectualmente”, e que para ser salvo, bastar “confiar” na salvação, sendo irrelevantes nossos atos e condutas. Ora, a fé estéril é inservível para nos salvar, pois a fé autêntica só se prova e se mostra válida na caridade: Pois o começo é a fé e o fim a caridade. Ambas reunidas são Deus, enquanto que tudo o mais é consequência para a perfeição humana. Ninguém odeia enquanto possui a caridade. Conhece-se a árvore pelos seus frutos, assim os que professam ser de Cristo serão reconhecidos pelas obras. Pois nesta hora não é de profissão de fé que se trata, mas de nos mantermos na prática da fé até ao fim. (Santo Inácio de Antioquia, Epístola aos Esmirnenses, Cap. XIV e XV, anos 70-110)”

Crer imprime o caráter de Cristo em nossas vidas e condutas cotidianas, no amor exteriorizado na caridade indispensável às boas obras. O reino de Deus não é para indivíduos cuja fé não se projete em atitudes concretas: Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! (Apocalipse 3, 15) “[…] não achei tuas obras perfeitas diante de meu Deus.” (Apocalipse 3, 2)

A fé dialoga conosco não apenas em nosso intelecto, mas em nossa vontade, para se realizar por meio dos nossos atos concretos. Caridade é a  fé viva, crescente e realizada em seus efeitos práticos para nos tornar IMITADORES DE CRISTO. Para praticar a caridade, precisamos da graça de Deus, pois não conseguiremos realizar o verdadeiro Bem sem a participação de Cristo: Sem mim, nada podeis fazer” (São João 15. 1 e 2) 

O almejo de toda fé são as ações que Cristo realiza em nós visando nos levar ao cumprimento dos preceitos necessários à comunhão com seu sacrifício. “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, A CARIDADE É O PLENO CUMPRIMENTO DA LEI. (Romanos 13. 10)”

Caridade é produto da verdadeira fé, e esta é o resultado da ENTREGA DO CORPO e ALMA à SERVIDÃO DE DEUS. https://franciscanos.org.br/noticias/um-franciscano-na-guerra.html

Na mortificação do egoísmo e na partilha nos tornamos imitadores de Cristo, amando ao próximo como a nós mesmo, por amarmos a Deus sobre todas as coisas.

 

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