1 – Parece que ser concebido, gerado e ter vindo ao mundo por meio da Virgem nada contribuiu para elevar a condição e o papel da mulher no plano de Deus, pois a humanidade de Cristo, tomada de sua mãe1, é a humanidade na forma de homem, tanto que Jesus é o “novo Adão.2”
2 – Ademais, tudo indica que a mulher sofreu mais a severidade da Justiça Divina que o homem, pois das penas após o pecado, recaiu sobre a mulher a condição de estar submissa a vontade do marido, como está escrito: “[…] teus desejos te impelirão para o teu marido, e tu estarás sob o seu domínio.”
3 – Soma-se, que a predileção de Deus parece se refletir no fato de que só aos homens fora dado o sacerdócio, pois como disse o Apóstolo, não é permitido que as mulheres exerçam autoridade sobre homens, mas que recebam deles toda instrução da fé.3
MAS EM CONTRÁRIO:
FOI NO VENTRE DE UMA MULHER QUE O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, O DEUS FEITO HOMEM, ESCOLHEU BATER PELA PRIMEIRA VEZ.
SOLUÇÃO:
O ventre da mulher fora escolhido por Deus para ser a fonte da qual emanaria sobre a terra o amor mais sublime.
Tal realidade Divina nos leva meditar a respeito da digníssima e especialíssima participação que o sexo feminino por meio da Virgem, teve no mistério da Encarnação do Verbo.
Cristo, ao nascer, fora alimentado, amado, cuidado e protegido por uma mulher.
Nisso, Deus manifestou seu amor a todas elas representadas em Maria, honrando o sexo feminino ao dar-lhe como guardião do seu próprio Filho Divino.
O vínculo que Deus estabelece com a Virgem, e por meio desta com o gênero feminino, marca a elevação da condição e do papel da mulher não só na família e na sociedade, mas também na Igreja, quando vemos no Livro de Atos, a menção honrosa a Maria, presente na assembléia4, onde todos se reuniam para escolha do substituto de Judas, o traidor, no que se responde as questões.
1 – Convinha a justiça, que Cristo, vindo ao mundo como homem, tomasse sua natureza carnal da mulher para que os dois sexos pudessem ser prestigiados no plano da salvação, pois:
“[…] JESUS, nosso Senhor, DESCENDE de Davi quanto à CARNE;5
E
“[…] “Ouvi, CASA DE DAVI. O Senhor vos dará um sinal: UMA VIRGEM CONCEBERÁ E DARÁ À LUZ UM FILHO, E O CHAMARÁ DEUS CONOSCO.6
Se o pecado veio por meio do homem, Adão, e da mulher, Eva,7 ambos haveriam de participar do plano de reparação desse pecado:
“[…] O VERBO APARECEU ENTRE OS HOMENS, COMO VERDEIRO HOMEM. CONVINHA QUE ASSUMISSE A MESMA NATUREZA A SER REDIMIDA. E PARA QUE NENHUM SEXO JULGASSE SER PRETERIDO PELO CRIADOR, HUMANIZOU-SE EM FORMA DE VARÃO, NASCENDO DA MULHER.” (Santo Agostinho. A Religião Cristã. p. 39 ed. Paulus. Cap. XVI. Dos Benefícios da Encarnação do Verbo)
Se Eva foi a porta pela qual entrou no mundo o pecado e a morte; a nova mulher, Maria, é a porta pela qual entrou no mundo a salvação e a vida eterna.
E se do ventre da antiga mulher, contaminado pelo pecado, nasceu a humanidade pecadora; do ventre isento de mácula da nova mulher nasceu a humanidade incorrupta unida à Divindade e através da qual renasceremos para vida eterna.
Sendo Cristo o novo Adão, por ser o Pai da nova humanidade nele regenerada, Maria é a nova Eva,8em cujo ventre fora gerada a humanidade do Deus feito homem na qual renascemos, o que a torna MÃE de todos os filhos da Igreja que renascem como membros do Corpo Místico de seu filho Cristo:
[…] “MULHER, EIS AI TEU FILHO. FILHO, EIS AI TUA MÃE.9”
Como em Eva, amaldiçoou-se o ventre, Deus agora utilizando Maria, santificando-a, e por meio dela, santifica-se o ventre de todas as mulheres para gerar os que herdarão os céus.
Em Maria, Deus reconstruiu o nome de Eva, pois se através de Eva, todas as mulheres foram humilhadas pelo ardil e malicia da serpente.
As maravilhas que Deus reservou e fez em Maria, reconstruiu a dignidade de todas elas, no que foi dito pela Virgem:
“O SENHOR FEZ MARAVILHAS EM MIM.”10
2 – Em Cristo, a glória de Deus se manifesta extraordinariamente, fazendo tudo novo, elevando à perfeição, o que na lei velha era imperfeito.11
Se em Cristo, a união da Divindade com a humanidade elevou a dignidade e o papel da natureza humana, também a união do homem com a mulher, formando uma só carne, num só corpo, numa nova realidade, elevou a condição da mulher:
“[…] E SERÃO OS DOIS UMA SÓ CARNE.12”
Ora, se há uma só carne já não há diferença essencial entre eles, senão, apenas acidental, conforme a natureza própria dos sexos distintos.
A “submissão” – se assim ainda podemos dizer, da mulher ao marido, deixou de ter caráter punitivo, como na antiga aliança, onde era colocava em situação análoga a de escrava, como ser inferior, incapaz de vontade, pensamentos, habilidades, voz, de desenvolver uma personalidade própria ou de ver reconhecida sua dignidade pessoal.
O homem agora assumiu o SACERDÓCIO DOMÉSTICO de sua esposa, tornando-se responsável por conduzi-la à Deus na alegria da vida eterna.13
E do mesmo modo que Cristo (figura do marido) incumbe conduzir sua Igreja (figura da mulher) à alegria da vida eterna, e para tanto pagou com a vida, incumbe ao esposo conduzir14 sua esposa a conhecer e viver com ele as virtudes necessárias á salvação de ambos, no sacrifício do egocentrismo, respeitando-a de corpo e alma.
Reciprocamente, incumbe a mulher conduzir o marido a bondade, por meio de sua inteligência e sensibilidade, presenteando-o por sua vocação à maternidade.
Essa submissão agora é recíproca entre homem e mulher, e estes, num só corpo, à Cristo:
“SUJEITAI-VOS UNS AOS OUTROS NO TEMOR DE CRISTO.” (Efésios 5. 21),
“[…] porque todos quantos em Cristo fostes batizados, de Cristo vos revestistes. NÃO HÁ JUDEU NEM GREGO, ESCRAVO OU LIVRE, HOMEM OU MULHER PORQUE VÓS SOIS UM SÓ EM CRISTO. ( Gálatas 3, 28)
Por isso ensina a Igreja:
“Todas as razões em favor da submissão da mulher ao homem no matrimônio devem ser interpretadas no sentido de uma submissão de ambos no temor de Cristo. A medida do verdadeiro amor esposal encontra a fonte mais profunda em Cristo, que é o Esposo da Igreja, sua esposa; […] O autor da Carta aos Efésios não vê contradição alguma entre uma exortação formulada dessa maneira e a constatação de que « as mulheres sejam submissas aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher » (5, 22-23). O autor sabe que esta impostação, tão profundamente arraigada nos costumes e na tradição religiosa do tempo, deve ser entendida e atuada de um modo novo: como uma « submissão recíproca no temor de Cristo » (cf. Ef 5, 21); tanto mais que o marido é dito « cabeça » da mulher como Cristo é cabeça da Igreja; e ele o é para se entregar « a si mesmo por ela » (Ef 5, 25) e se entregar a si mesmo por ela « é dar até a própria vida. » Mas, enquanto na relação Cristo-Igreja a submissão é só da parte da Igreja, na relação marido-mulher a « submissão » não é unilateral, mas recíproca! (Documento Pontífice – Mulieris Dignitatem, parágrafo XXIV. São João Paulo II. Ano 1.988)
3 – A inexistência sacerdócio feminino não inferioriza a mulher, e, ao contrário, restou instituído para reparar uma dívida ancestral que os homens tem para com as mulheres, desde de Adão.
Toda humanidade existente veio de Adão, inclusive, a de Eva,15 tomada de sua costela.16
Assim, se pelo homem natural (Adão), a mulher nasceu para a vida natural (Eva), também para a vida espiritual, a mulher haveria de ter nascido do homem, pois a leis naturais imitam as leis espirituais.
Mas isso não ocorreu, pois a desatenção de Adão, não se fazendo presente para protegê-la, enquanto esta interagia com a velha serpente, permitiu que a Eva experimentasse o mal e a morte, e os transmitisse a ele, e por ele, a toda sua descendência.
No sacerdócio masculino, que vem do sacerdócio do Homem Eterno, que é Cristo, Deus reconstrói a dignidade do homem perdida em Adão, por ter negligenciado a mulher, e agora, incumbe aos homens, no exercício sacerdotal, a restauração e o renascimento espiritual das mulheres, quando receberam deles o Batismo, a Eucaristia, a absolvição dos pecados na confissão, e os demais sacramentos.
João Paulo II, pronunciou:
“[…] O FATO DE MARIA SANTÍSSIMA, MÃE DE DEUS E MÃE DA IGREJA, NÃO TER RECEBIDO A MISSÃO PRÓPRIA DE APOSTOLO, NEM SACERDÓCIO, MOSTRA CLARAMENTE QUE A NÃO ADMISSÃO DAS MULHERES A ORDENAÇÃO NÃO PODE SIGNIFICAR UMA SUA MENOR DIGNIDADE, NEM DISCRIMINAÇÃO A SEU RESPEITO, MAS A OBSERVÂNCIA FIEL DE UMA DISPOSIÇÃO QUE SE DEVE ATRIBUIR À SABEDORIA DO SENHOR DO UNIVERSO.” (Encíclica Ordinatio Sacerdotalis, 1.94)
O sacerdócio por excelência, na consagração do sacrifício do CORPO Eucarístico de Cristo à Deus, é o sacrifício do homem, a reparação do antigo Adão pelo novo Adão, porque se pelo velho Adão todos morremos, pelo novo todos acessamos à vida eterna.
1JESUS CRISTO, Nosso Senhor, DESCENDENTE de Davi quanto à CARNE (Rm 1, 3)” “Donde me vem esta honra de vir a mim A MÃE DE MEU SENHOR? (Lc 1. 42)
2O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente (Gn 2,7); o segundo Adão é espírito vivificante.* (I Coríntios 15, 45)”
3 A mulher ouça a instrução em silêncio, com espírito de submissão. (I Timóteo 2, 11)”
4Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, ENTRE ELAS. MARIA, MÃE DE JESUS, e os irmãos dele. (Atos dos Apóstolos 1, 14)”
5Rm 1, 3
6Isaías 7. 13 e 14
7A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. (Gênesis 3.6)”
8Assim como EVA FOI SEDUZIDA PELA FALA DE UM ANJO E SE AFASTOU DE DEUS, transgredindo a sua palavra, MARIA RECEBEU A BOA NOVA DA BOCA DE UM ANJO E TROUXE DEUS EM SEU VENTRE, obedecendo à sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra deixou-se persuadir a obedecer a Deus, para que, da virgem Eva, a Virgem Maria se tornasse advogada. O gênero humano que fora submetido à morte por uma virgem, foi libertado dela por uma virgem; a desobediência de uma virgem foi contrabalançada pela obediência de uma virgem; mais, o pecado do primeiro homem foi curado pela correção de conduta do Primogênito e a prudência da serpente foi vencida pela simplicidade da pomba: por tudo isso foram rompidos os vínculos que nos sujeitavam à morte.” (IRINEU, Santo. Contra as Heresias. V, 19,1, p. 569)
9Jo 19. 7
10Lc 1. 49
11Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. (I Coríntios 13, 10)”
12“[…] e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.” (Mc 10.8) “Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. (Efésios 5, 28)”
13Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam em tudo as mulheres a seus maridos. (Efésios 5, 24)”
14 Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, (Efésios 5, 25)”
15Era conveniente que a mulher fosse formada da costela do homem para significar que deve haver união entre o homem e a mulher. Pois, nem esta deve dominar aquele e, por isso, não foi formada da cabeça; nem deve ser desprezada pelo homem numa sujeição servil, e por isso não foi formada dos pés.” (Suma Livro Ia. Q 83 art 3º Santo Tomás de Aquino)
16Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. ” (I Corintios 11.8) “[…] acima de qualquer ser vivo da criação, acha-se Adão. ” (Eclesiástico 49, 19)