POR QUE AO CRISTÃO, ENQUANTO PROFISSÃO DE FÉ, CABE CELEBRAR O VERDADEIRO NATAL?

1 – Será que cabe ao cristão celebrar a solenidade natalina, já que assim não dizem as Escrituras?

2 – No mais, se as Escrituras não datam com exatidão o nascimento de Jesus, por certo seria para que não fosse lembrado, e não sendo lembrado, que não fosse comemorado.

3-  Além disso, sabe-se que na antiga Roma, o dia 25 de dezembro era dedicado a comemorar o Solstício de Inverno, além do dia do deus “Sol Invictus”, razão porque, talvez o natal fosse desde aqueles tempos uma festividade pagã.

4 – Soma-se, que o hábito de presentear demonstraria o espírito materialista e o interesse puramente econômico do júbilo natalino, evidenciando o pensamento anticristão da solenidade”.

5 – Por fim, não há prova que Cristo nascera no dia 25 de dezembro.

MAS EM CONTRÁRIO, Deus cumpriu aquilo que nos prometera, e a virgem concebeu1, uma criança nasceu, um Deus feito homem surgiu na história e no tempo, um Filho de Deus nos foi dado para sanar a humanidade do pecado, da falta de esperança e da morte2, e isso, verdadeiramente, é motivo de alegria e festa.

SOLUÇÃO: A natividade, a paixão e a ressurreição de Cristo são as obras mais importantes que Deus realizou em benefício da humanidade. Pela natividade ele nos trouxe a felicidade, pois o menino nasceu para nos redimir. Pela paixão ele nos deu a consciência do real e clemente amor que tudo suporta. E pela ressurreição ele nos revelou sua justiça, que por meio da paixão, nos isentou da culpa e da pena eterna, chamada morte. Por isso, o Memorial da Alegria haveria de ser instituído, para que jamais deixássemos de proclamar publicamente a felicidade que seu nascimento trouxe aos céus e a terra, como disse o profeta: “Saí da boca do Altíssimo. A MEMÓRIA DE MEU NOME durará por todos os séculos, (Eclesiástico 24, 28) “Quero CELEBRAR OS BENEFÍCIOS DO SENHOR e seus gloriosos feitos, por TUDO O QUE FEZ EM NOSSO FAVOR, e por sua grande bondade, com a qual nos cumulou na sua ternura e na riqueza de seu amor.” (Isaías 67, 7) Por isso, convém ao cristão, como profissão de fé na Encarnação do Verbo, que celebre o Memorial do dia em que a verdadeira felicidade se fez presente entre os homens, no que se responde as questões acima.

1 – A primeira celebração natalícia de Cristo, vemos nas sagradas Escrituras, onde é dito que os reis magos “[…] acharam o menino com Maria, sua mãe, e abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como PRESENTES ouro, incenso e mirra”; e que também os anjos se ALEGRARAM E CANTARAM em homenagem a natividade do Messias, tendo pastores de cabras como seus CONVIDADOS: “[…] havia nos arredores uns pastores que vigiavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo apareceu-lhes e disse-lhes: “Vos anuncio uma Boa-Nova que será ALEGRIA PARA TODOS. Hoje nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo. Isto vos servirá de sinal: achareis o recém-nascido envolto em faixas, numa manjedoura. E ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava e dizia: “Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens3.”

2 – As Escrituras não são calendário, e, portanto, não tem preocupação de registrar com exatidão nenhuma data histórica, nem mesmo a fuga do Egito, razão pela qual, também a Páscoa não pode ser tida com certeza a respeito do dia, mês ou ano que aconteceu, e nem por isso, os judeus4 deixam de celebrá-la. Era costume judaico não datar, pois no mundo antigo, haviam muitos calendários totalmente diferentes e incompatíveis entre si, como no tempo de Cristo em que os judeus tinham que se orientar pelo calendário hebraico (lunissolar) e ao mesmo tempo, pelo calendário Juliano dos romanos, povo que detinha o governo político-militar sobre os hebreus, sendo que qualquer datação, poderia gerar mais confusão que esclarecimento. Soma-se, que toda vez que Deus instituiu uma proibição, ele o fez de modo claro: “[…] não matarás; não roubarás; não terá outros deuses diante de mim; não adulterarás etc.” Isso porque a perfeição de toda norma proibitiva exige que ela deva ser clara e objetiva para não gerar dúvida, e da dúvida o erro. Todavia, Deus não proibiu a festa da natividade de Cristo. Pelo contrário, como disse o profeta, devem ser celebradas todas as obras e manifestações que revelam a bondade de Deus a humanidade.

3 – Santo Agostinho5 quando olhava Roma, via duas cidades, que não se confundiam, nem se misturavam, mas conflitavam entre si, por dividirem o mesmo ambiente de convívio. A cidade dos homens (a Roma pagã) da guerra, da fome, dos jogos mortais dos gladiadores, da luxúria, da idolatria, do poder e da ganância dos assassinos e dos inimigos de Cristo; e a cidade de Deus (a Roma Católica), dos santos mártires, dos apóstolos, do Cedro de Pedro, do apostolado de Paulo, da fé cristã autêntica e da caridade. A cidade na qual a autoridade da Igreja revelou, e instituiu o culto a Santíssima Trindade; pela qual os sacramentos chegaram a todo os cantos da terra, e que fora a escolhida por Deus para dar testemunho da fé cristã em todo mundo.6 Logo, a saturnália7 ou Solstício de Inverno nada tem com natal, posto que comemorada apenas pelos pagãos à partir do dia 16 estendendo até 25 de dezembro, enquanto desde o primeiro século se celebrava o natal na Missa realizada nas catacumbas, na passagem do dia 24 para o 25 de dezembro, pelo Bispo de Roma, naquilo que se chamaria no futuro, Missa do Galo,8 lembrando o arrependimento de Pedro que negou Cristo antes que o galo cantasse três vezes, dentre outros motivos. Já a festa ao deus Sol fora instituída muito depois do natal, no ano 249, como culto oficial de Roma pagã, justamente como reação as comemorações da natividade de Cristo, feita pelos católicos.9

4 – A humanidade na qual Cristo nasceu, celebra o trinfo Divino em meio ao fracasso humano. É a alegria da ordem e da justiça de Deus sendo restabelecidas, apesar do caos e da desordem da natureza do homem. Festejar o nascimento é o que se tem por celebração natalina, independente se a comemoração é de um ano, um mês, um dia ou apenas uma hora, a depender da cultura de cada povo e cada família. Também não depende de presentes, pois o presente maior foi Deus que nos deu. Todavia, o presente que ofertamos é representação do que Deus nos dá, e uma oportunidade de retribuirmos o que temos, com aqueles que nada tem, e, assim nossa fé cresça na caridade, como ensinava São Nicolau, o Padroeiro do Natal.10 O natal do comércio é do lucro. Mas o natal Católico é o da caridade, e do amor a Deus e ao próximo, pois uma menino nasceu, e o amor nos foi dado, sem nos exigir nada em troca.

5 – Natal é mais que o aniversário de alguém. É celebrar a manifestação de Deus na história humana, o início do plano da salvação, razão porque, não comemoramos por causa da data, mas por causa da fé. Todavia, ao católico basta crer na Igreja, coluna e sustentáculo da verdade (I Tm 3. 15), para confiar que a provável data de nascimento de Jesus tenha sido, de fato, o final de dezembro no calendário romano, pois há relatos na Santa Tradição Apostólica, que a virgem concebeu em meados do mês de março: […] o primeiro Advento de nosso Senhor na carne ocorreu quando Ele nasceu em Belém, era 25 de dezembro, uma quarta-feira, enquanto Augustus estava em seu quadragésimo segundo ano.” (Santo Hipólito de Roma, anos 170- 240.  Comentário sobre Daniel 4, 23) É crido que ele foi concebido no dia 25 de março, dia em que também ele sofreu; de modo que o seio da Virgem, no qual ele foi concebido, onde ninguém dos mortais foi gerado, corresponde à nova sepultura na qual ele foi enterrado, na qual ninguém havia sido posto (Jo 19,41), nem antes nem depois dele. Mas ele nasceu, segundo a tradição, em 25 de dezembro.” (Sobre a Trindade Livro 4,  Capítulo 5, anos 400)  Comemoramos pela fé, pois o menino Deus nasceu, e isso é o que importa. No natal, ficamos felizes porque Deus nos visitou em sua infinita misericórdia para nos dar esperança. Quem nega celebrar o natal, está na verdade, paganizando o costume que a fé da Igreja cristianizou, pois a substituição da saturnália e da festa do Sol pelo Natal cristão marcou a troca da religião pagã pelo cristianismo em Roma, e de Roma para todo mundo. Quem nega, esquece ou se entristece com o Natal, deve ser aquele que é inimigo de Cristo, e que não tem motivo algum para comemorar, nem alegria no fato que Deus nasceu entre nós.


1“Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conos­co’. (Isaías 7. 14)

2Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi dado, e o império foi posto sobre os seus ombros, e seu nome será maravilhoso, Deus Poderoso, Conselheiro, o Deus eterno, o Príncipe da Paz” (Is. IX, 5).

3 LC 2. 1-8 e MT 21, 11.

4 As Escrituras não informam com exatidão a data da fuga do Egito, pois é contado pelo calendário lugar (primeira lua cheia etc). Observe este dia de uma geração em geração para sempre. No décimo quarto dia do primeiro mês ao pôr do sol comerás pão sem levedura, até o vigésimo primeiro dia do mês à noite. (Êxodo 12. 14-18) “Lembre-se deste dia no qual saiu do Egito, da escravidão; pois por força de sua mão, Deus te tirou daquele lugar, e nenhum pão fermentado será comido. Você está se libertando neste dia do mês de Abib. Assim, quando Deus o levar para a terra dos Canaanitas, dos Hititas, dos Amoritas, dos Hivitas, e dos Jebuseus, que Ele jurou a seus pais lhes dar, uma terra onde flui o leite e o mel, você manterá este serviço neste mês. Sete dias você comerá pão sem levedura, e no sétimo dia será uma festa de homenagem a Deus. (Êxodo 12, 3-6) Por isso, os judeus comemoram a Páscoa (Pessach) na data provável, entre os dias 08 a 16 do mês Nissan (Abril).

https://pt.chabad.org/holidays/passover/default_cdo/jewish/Pssach.htm

5 A CIDADE DE DEUS. Parte I. AGOSTINHO. Santo.

6 A Igreja dos Apóstolos é aquele que saiu de Jerusalém, e se instituiu em Roma> “Apareceu-lhe o Senhor e disse: Deste testemunho de mim em Jerusalém, IMPORTA TAMBÉM QUE DÊS EM ROMA.” (Atos 23, 11) E que por meio dela, Cristo esmagaria a serpente> “O Deus da Paz NÃO TARDARÁ A ESMAGAR SATANÁS DEBAIXO DOS VOSSOS PÉS.”  (Rm 16, 20) E a SÃ DOUTRINA viria por seu intermédio> “[…] estais CHEIOS DE UM PERFEITO CONHECIMENTO.” (Romanos 6, 17) E sua fé, sem distorções, seria pregada em todos os cantos da terra, e para todos os povos> “EM TODO O MUNDO É PRECONIZADA A VOSSA FÉ.” (Rm 1, 8) “JESUS DISSE: E SE RECUSAR OUVIR TAMBÉM A IGREJA, seja ele para ti como um pagão e um publicano.” (Mt 18. 17 e 18)” “Quem vos OUVE a mim OUVE; e quem vos rejeita a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou. ” (Lc 10, 16)

7 Solstício de Inverno, quando o Sol está mais próximo da terra, dando início ao inverno. Comemorava-se as saturnálias ou invernadas, em honra ao Deus Saturno, mediante um sacrifício de um touro. e atividades de plena liberdade sexual entre os participantes. Mas festividades haviam prêmios distribuídos em jogos de azar.

8 Registro no LIVRO DOS PONTÍFICES (LIBER PONTIFICALIS) https://gl. wikipedia.org/ wiki/Tel% C3%A9sforo,_papa

9 festa do Sol Invictus ou Sol Invicto de Roma foi instituído muito depois do Natal, em 274 d.C, pelo Imperador Aureliano, que se autoproclamou o “Imperador do Sol”.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sol_Invicto

10 O Papai Noel é uma personagem comercial, caricato e artificial, que nada lembra São Nicolau,  (anos 300), que no Natal, além das crianças, também se preocupava em dar comida e remédios aos necessitados.

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