MATRIMÔNIO É SOMENTE AFINIDADE?

1 – Parece que o matrimônio cristão é uma relação exclusivamente afetiva.[1] Ora, afeto resulta da afinidade onde se produz as semelhanças que aproximam. Todavia, como estamos sujeitos às mudanças de opinião e pensamento, impossível a afinidade se manter por toda vida.

2 – No mais, a união entre os sexos opostos cumpre da continuação da espécie.[2] Logo, cessada essa função, cessa a necessidade da convivência matrimonial, pois o fim da lei natural fora cumprido.

3 – Soma-se, que o ser humano fora criado por Deus para ser feliz,[3] não havendo afeto onde não haja prazer, e onde não há prazer, não há felicidade, o que justificaria a ruptura do vínculo matrimonial.

MAS EM CONTRÁRIO:

“AMO-TE, COM AMOR ETERNO;” (Jeremias 31. 3)

“EU SOU DO MEU AMADO, E O MEU AMADO É MEU.” (Cantares 6. 3)

SOLUÇÃO: 

O matrimônio, conforme a fé Católica, une de modo sobrenatural, homem e mulher, num mesmo corpo,[4] levando-os a unidade de vidas até o fim.

É o mais intrigante mistério da unidade que não extingue a dualidade, e da dualidade indissoluvelmente una.

Mas a realidade do matrimônio é feita de cruz e flores.

Pela cruz, expressas nas dificuldades cotidianas, nos santificamos; e com as flores nos alegramos.

A cruz vem do céu e nos conduz para lá.

As flores brotam da terra e nos lembram com sua beleza e perfume que a cruz vale a pena.

A flor há de ser plantada, a cruz aquiescida, e as duas se completam.

Por isso, na relação matrimonial, não se pode desprezar nem a cruz, nem as flores:

MARIDOS, AMAI VOSSAS MULHERES, COMO CRISTO AMOU A IGREJA E DEU SUA VIDA POR ELA,” (Efésios 5, 25)

O matrimônio sacramental é um mistério Divino:

ESSE MISTÉRIO É GRANDE, QUERO DIZER, COM REFERÊNCIA A CRISTO E À IGREJA.” (Efésios 5, 32)

E na cruz, tal como Cristo se sacrificou pela Igreja,[5]  um cônjuge carece de se esforçar para conduzir o outro à felicidade que constrói a vida eterna, de onde se as questões:

1 – Os esposos necessitam buscar o amor recíproco, ainda que por mais difícil pode se tornar com o passar dos anos, salvaguardando um ao outro do mal e da corrupção.

Amar é querer para o ser amado o Bem Maior, e na fé cristã há bem maior que a vida eterna.

Quem ama no outro apenas a semelhança que vê de si mesmo, não ama, senão, a si próprio, sendo esse amor por afinidade, um narcisista incompatível com o autêntico Amor caridade que se doa.

2 – Procriar é comum tanto nos irracionais quanto nos racionais.

Os animais irracionais necessitam da proteção dos progenitores apenas para seu sustento.

Isso ainda por pouco tempo, pois após nascidos, conseguirão em pouco tempo subsistirem por si mesmos, sem qualquer vínculo de afeto e amor com os genitores.

Já nos seres humanos, tal não ocorre, porque a relação paterna-filial se estende à cooperação próxima, contínua, mútua e participativa dos pais na vivência do filhos.

Cristo jamais desistiu da Igreja e dos filhos que por meio dela gera.

Igreja é uma metáfora da esposa, enquanto os que nascem pela Igreja, no batismo, metáfora dos filhos, a descendência paterna.[6] 

E Jesus, o esposo, entregou-se a morte por eles.

Assim, a primeira imagem que os filhos devem enxergar no mundo é em seus próprios pais, e estes, por seu turno, devem ser a imagem do Cristo.

3 – Sentimentos nascem da percepção do acaso, geralmente irregulares e desordenados, pois são sensações momentâneas, intensas e superficiais, inconstantes[7], e quase sempre desprovidos do racional:

“FOGE DAS PAIXÕES DA MOCIDADE, BUSCA COM EMPENHO A JUSTIÇA, A FÉ, A CARIDADE E A PAZ COM AQUELES QUE INVOCAM O SENHOR COM PUREZA DE CORAÇÃO.” (II Timóteo 2, 22)

Amor não é sentimento, mas virtude.

Não provém da percepção, mas da escolha segura, pois amamos no outro não a nossa imagem, mas a imagem de Deus que nele reflete.

Esse amor não visa ganho, senão, no bem querer ao ser amado.

Não se desordena nas paixões, mas as usa licitamente como instrumento da alegria que é, segundo a vontade Divina, pois o segredo da felicidade está no que disse o profeta:

“OBSERVA SUAS LEIS E SEUS MANDAMENTOS QUE HOJE TE PRESCREVO, PARA QUE SEJAS FELIZ, TU E TEUS FILHOS DEPOIS DE TI, E PROLONGUES TEUS DIAS PARA SEMPRE.” (Deuteronômio 4. 40)


 

[1] http://catecismo.catequista.net/conteudo/a-z/m/matrimonio.html

[2] “Sede, pois, fecundos e multiplicai-vos, e espalhai-vos sobre a terra abundantemente”. (Gênesis 9, 7)

[3] Deuteronômio 4, 40.

[4] “Não separe o homem o que Deus uniu. (Mateus 19. 6) ”

[5] “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, (Efésios 5, 25)”

[6] “Certamente, ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a alimenta e a trata, como Cristo faz à sua Igreja – (Efésios 5, 29)” 

[7] O insensato não tem propensão para a inteligência, MAS PARA A EXPANSÃO DOS PRÓPRIOS SENTIMENTOS.” (Provérbios 18, 2) 

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